quinta-feira, 2 de julho de 2015

SEDIS ENTREVISTA: REITORA ÂNGELA PAIVA


Entrevista com a Magna. Reitora da UFRN, profa. Ângela Paiva, acerca dos novos desafios da gestão universitária envolvendo as políticas e ações em EaD


Ângela Maria Paiva Cruz é licenciada e bacharel em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mestre em Filosofia na área de Lógica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente, está no segundo mandato como Reitora da UFRN. Confira, a seguir, sua entrevista para o SEDIS Entrevista sobre Educação a Distância.
Angela Paiva Reitoria UFRN
Ângela Paiva, Reitora da UFRN. Foto: Bethowen Padilha.

SEDIS ENTREVISTA: Como a Educação a Distância vem colaborando com a expansão e a busca pela excelência da graduação e da pós-graduação na UFRN?
Ângela Paiva: A UFRN, durante os seus 57 anos, sempre teve como missão produzir conhecimento e disseminá-lo em favor da cidadania plena e do desenvolvimento do estado e da região. Neste sentido, sempre se buscou tecnologias novas que favorecessem a democratização do acesso ao Ensino Superior e também uma expansão física com a presença maior da universidade no interior. Dessa forma, em 2003, na gestão do professor Ivonildo Rêgo, foi elaborada a proposta da criação da Secretaria de Educação a Distância da UFRN, criando polos da própria universidade e através de parcerias com municípios. Naquele momento, havia dez polos e três cursos de licenciatura. Nesses 12 anos, a UFRN vem colaborando com a melhoria da Educação Básica, já que pelo menos 50% das vagas são sempre destinados a professores da rede pública de ensino, seja municipal ou estadual. O que nós vemos hoje é que a modalidade a distância é essencial para a democratização do ensino, de modo que, ao longo do tempo, nós evoluímos: hoje estamos com 22 polos e mais de 10 cursos, incluindo as licenciaturas, que são nove, um bacharelado, um tecnólogo, quatro especializações, aperfeiçoamentos e os mestrados profissionais de Letras e Matemática. É uma evolução bastante significativa e uma contribuição que estamos dando paulatinamente e com todo o rigor e qualidade, no mesmo nível que exigimos dos cursos presenciais.
 SE: Nós sabemos que uma das características da EaD é o forte uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, as TIC. De que maneira a SEDIS contribui com a universidade nesse sentido?
 AP: A SEDIS está cumprindo com a sua missão, dando uma excelente contribuição para a universidade. Em 2007, quando estávamos pensando o REUNI, o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, nós observamos que a produção de material didático e as novas tecnologias eram requeridas pelas várias unidades acadêmicas da instituição. Deste modo, nós colocamos dentro do REUNI a reestruturação da SEDIS, para que ela se transformasse numa central de produção de material didático. Outros setores da universidade também fazem isso, mas este é um dos itens da missão da secretaria, não apenas para os cursos a distância, que requerem materiais específicos, mas também para projetos das TIC, nos quais a SEDIS tem sido uma parceira importante, propositora e coordenadora. O papel da SEDIS está sendo fundamental junto à Pró-Reitoria de Graduação para que tornemos efetivos os pelo menos 20% dos cursos presenciais que podem ser trabalhados com as tecnologias a distância. Este é um processo em que estamos trabalhando junto com a PROGRAD: todo curso que colocar no seu projeto pedagógico que esses 20% podem ser trabalhados é favorecido pela universidade através da SEDIS com a produção de material e a criação de ambientes de aprendizagem que façam com que essa modalidade se insira também no ensino presencial. É importante frisar que a SEDIS não contribui apenas para a universidade. Durante a Copa do Mundo de 2014, nós entramos em parceria com a Universidade de Brasília, criando uma plataforma que serviu de capacitação para os estudantes e os voluntários do Brasil. Temos sido demandados também pelo Ministério da Saúde, depois da nossa adesão à Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). A SEDIS é um vetor que congrega e atrai para si, porque muito do que está se fazendo para a capacitação dos servidores do SUS, que são milhares no Brasil todo, demanda ferramentas da modalidade EaD. Dessa forma, estamos também nesses projetos produzindo materiais e tecnologias de comunicação.
 SE: Quais são as perspectivas para os próximos quatro anos da Educação a Distância na UFRN?
AP: Todos sabem que o Plano Nacional de Educação (PNE) contém metas muito arrojadas em relação à expansão do Ensino Superior. Há metas que estabelecem, por exemplo, que pelo menos 33% dos jovens de 18 a 24 anos devem ter direito a uma matrícula no Ensino Superior. Há também metas para a pós-graduação, para que os professores das universidades e das instituições de Ensino Superior e da Educação Básica tenham pós-graduação num certo percentual. É exigido para os professores, assim como para os gestores da Educação Básica, que eles tenham uma qualificação de graduação e de formação continuada. Esses são elementos essenciais para a melhoria da Educação Básica. Os mestrados profissionais, em Letras e em Matemática, nos quais já estamos trabalhando ofertas de vagas junto a alguns polos, são uma tendência que vai crescer. Vamos iniciar agora, por exemplo, o mestrado profissional em História e em Geografia, que possui polo aqui e em Caicó, da mesma forma com História, em Natal e em Caicó. Estaremos com essas modalidades semipresenciais ou a distância, e a tendência dessa formação continuada, no futuro, para que contribuamos de modo significativo para o alcance das metas do PNE, é que a modalidade a distância seja fortalecida e demandada pelo MEC em relação às universidades.
O Ministro Renato Janine e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) têm colocado, no documento que chamamos de PDU, o Plano de Desenvolvimento das Universidades, a Educação a Distância como uma das prioridades para a expansão no Brasil nos próximos 10 anos. A nossa secretaria está devidamente preparada e bem estruturada; evidentemente que, à medida que  a gente trabalha mais, requisita mais infraestrutura, equipamentos e tecnologias novas para que se dê uma resposta qualificada. Assim, a tendência para o futuro é fortalecer, do ponto de vista da própria UFRN, trabalhar a sua vida natural, o que a gente chama de institucionalização. Nesse sentido, os professores da UFRN que trabalham com a EaD estão lotados, fazem ensino, pesquisa e extensão, assim como os outros professores fazem. Os direitos dos nossos estudantes que são dos cursos a distância são os mesmos, participam dos programas igualmente aos nossos alunos dos cursos presenciais, inclusive no que diz respeito aos programas de internacionalização, como o Ciência Sem Fronteiras. Estamos buscando os direitos iguais para os professores e os estudantes; este é um movimento interno, de fortalecimento da modalidade a distância. Certamente, nos próximos 10 anos, acompanhando o PNE, não devemos cessar esforços para ampliar as condições de acesso e de permanência no Ensino Superior. A Educação a Distância está como prioridade, não só na UFRN, mas no Governo Federal.
SE: Na sua opinião, qual é o futuro da EaD dentro das instituições públicas de ensino?
 AP: Um futuro em que a gente vai trabalhar. A UFRN está buscando e construindo os elementos para isso, para o alcance da qualidade. Em algumas áreas há uma crítica e um certo preconceito com a Educação a Distância, como se fosse um curso menor, de valor menor, mas nós, a CAPES e o MEC, estamos trabalhando pelas condições de qualidade. Este é o foco: a busca da excelência, não apenas dos cursos presenciais, mas também dos cursos a distância. A confiança da CAPES em promover os mestrados profissionais a distância é uma demonstração de que a exigência que se faz com os cursos presenciais é feita também com os cursos a distância. A busca da excelência é o nosso caminho para a EaD, assim como para a modalidade presencial. Eu gostaria de registrar, inclusive, que a UFRN possui dois cursos com nota máxima – os demais estão trabalhando para isso, mas a Licenciatura em Química e a Licenciatura em Letras obtiveram conceito 5. Este é o nosso caminho: trabalhar pela qualidade acadêmica e o fortalecimento do uso dessas tecnologias das quais a EaD se vale para melhorar e qualificar os cursos presenciais.

Entrevista: Natália Noronha, Analista de Mídias Sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário